Grande Loja Maçônica
do Estado do Rio Grande do Sul
11 de setembro de 2018

Filho de Paixão Côrtes recebe homenagem em nome do pai

Sessão Farroupilha homenageia Paixão Côrtes

Encontro realizado por oito Lojas reconheceu a importância histórica da Revolução Farroupilha e lembrou do legado do folclorista e Irmão Paixão Côrtes.  A homenagem à Revolução e seus heróis maçons ocorreu em Sessão Magna Branca, realizada no último dia 10 de setembro, no salão do 35 CTG, em Porto Alegre. O local não poderia ser mais apropriado. Trata-se do primeiro Centro de Tradições Gaúchas da história, fundado por um grupo de oito estudiosos da cultura gaúcha. Entre eles estava Paixão Côrtes, um dos mais renomados folcloristas do Estado e responsável, junto com os companheiros, por símbolos fundamentais da cultura rio-grandense, como a Chama Crioula e a Semana Farroupilha.

O ponto alto do encontro foi justamente a entrega de uma placa em homenagem ao legado de Paixão Côrtes às mãos de seu filho, Carlos Paixão, que em seu discurso agradeceu pelo reconhecimento. Ele contou que aprendeu com o pai a importância dos símbolos, algo que também é forte na cultura maçônica, e por isso entende a relevância do gesto. Iniciado no Grande Oriente do Rio Grande do Sul, Paixão Côrtes era Mestre Maçom e durante toda a sessão seu avental esteve disposto em uma cadeira em frente ao palco, representando sua presença.

O patrão do DTG Mala de Garupa, Aguinaldo Ferreira, lembrou que há dois anos os organizadores do evento tentavam entregar a placa, mas por conta das complicações de saúde do folclorista não foi possível que a homenagem ocorrese antes que ele partisse ao Oriente Eterno.

A Sessão foi realizada em parceria pelas Lojas Frederico II Nº 54, Bento Gonçalves Nº 28, Adayr Paulo Modena Nº 245, Estrela do Litoral Nº 155, Corpus Juris Nº 83, Estrela do Sul Nº 192, Obreiros do Eldorado Nº 145 e Obreiros de Israel Nº 67. Elas tiveram o apoio do DTG Mala de Garupa e do 35 CTG, que cedeu o local e auxiliou na organização.

Após os trabalhos, Irmãos e convidados foram brindados com um jantar preparado pela equipe do 35 CTG. Sem dúvida um importante momento de confraternização entre as Lojas, mostrando a pujança da Maçonaria gaúcha.
 
A HISTÓRIA DO LAÇADOR
 
João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes, nascido em Santana do Livramento em 12 de julho de 1927, foi engenheiro agrônomo, folclorista, radialista e incansável pesquisador da cultura, hábitos e costumes populares do Rio Grande do Sul e do Brasil, os quais registrou em dezenas de publicações e discos.

Formado em Agronomia, teve sua vida profissional ligada à Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, onde desenvolveu trabalhos na área de Ovinotecnia.

Liderou o grupo de estudantes que, em 1947, foi pioneiro na criação de uma série de solenidades culturais e cívicas que deram origem aos símbolos da Chama Crioula, do Candeeiro Crioulo e da Semana Farroupilha. Fundou, com alguns companheiros – entre eles Barbosa Lessa, parceiro em inúmeras atividades –, o "35 CTG", célula mater do Movimento Tradicionalista Gaúcho.

Foi reconhecido por diferentes entidades de ensino, culturais, artísticas, literárias, governamentais, agropecuárias, religiosas e populares pela sua atuação nos mais diferentes segmentos. Em um momento estava em terras europeias cantando e dançando a cultura de sua terra, em outro era Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre.

Foi homenageado pelo povo do Rio Grande do Sul ao ser escolhido, por voto espontâneo, como um dos “Vinte Gaúchos que Marcaram o Século XX”, colocando-o entre exponenciais figuras como Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, João Goulart, Erico Verissimo, Mário Quintana, Barbosa Lessa e outras personalidades.

Nacionalmente foi distinguido pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, com a Comenda da “Ordem ao Mérito Cultural”, por serviços prestados à cultura brasileira.

Em 1954 Paixão Côrtes teve a honra de posar como modelo para o consagrado escultor Antônio Caringi, ao ser esculpida a estátua “O Laçador”, inaugurada, em praça pública, em 1958, e, atualmente, Símbolo Oficial do Rio Grande do Sul. Recentemente, sua Sant'Ana do Livramento o homenageou com obra estatutária de Sérgio Coirolo, colocada na entrada da cidade, saudando o visitante da fronteira.

Em mais de 70 anos de atividade Paixão Côrtes foi um Tropeiro Cultural, registrando, resgatando e valorizando as manifestações autóctones do povo sulino, ao mesmo tempo ensinando e divulgando-o pelos diversos rincões do Brasil e em outros países, contribuindo definitivamente na formação da identidade do gaúcho rio-grandense.