Reforma nas instalações elétricas do prédio da Grande Loja
Os últimos e trágicos acontecimentos, marcadamente em nosso Estado, infelizmente servem para alertar quanto às condições de segurança nos prédios de uso coletivo. E a questão das redes elétricas - por serem estas potenciais causas de incêndios - deve receber especial atenção. É claro que não foi agora, em razão do horrível acontecimento registrado em Santa Maria que o atual Grão-Mestrado teria tomado consciência e mandado executar inspeções e obras neste setor (na verdade as obras estão em andamento há quase um ano) mas o fato de todos estarem sensibilizados neste momento, mostra a necessidade de abordar o fato e informar com ênfase, isto que seria, noutra situação, apenas objeto de uma nota.
As reformas
Os painéis e fiações do prédio da Grande Loja passaram por uma profunda análise técnica, com a finalidade de não ficarmos mais dependendo apenas de consertos pontuais. Este procedimento, bem como as obras decorrentes, mostraram-se vitais, pois as instalações elétricas do prédio principal da Grande Loja, ao serem expostas durante o trabalho, revelaram tubulações de ferro deterioradas, isolamentos feitos com tecido e - o que causou maior perplexidade - painéis (quadros de disjuntores) em madeira, material sujeito à fácil combustão (ver fotos abaixo). Esses dispositivos foram utilizados em larga escala na época em que o edifício foi erguido, há meio século, sendo desde a década de 1980 são utilizados materiais mais modernos e seguros. A instalação substituída, portanto, é obsoleta e apresenta problemas diferentes em todos os lugares.
Ao longo dos anos, portanto, foram feitas inúmeras emendas nas caixas de passagem de energia, sempre com deficiência na isolação. Havia disjuntores atuando fora de capacidade, uns subdimensionados, outros superdimensionados. Alguns desses dispositivos funcionavam como interruptor. A rede trifásica não contava com a divisão equitativa entre as três fases. Em um dos casos, circulava por uma das fases uma corrente de 116 Ampères (A), ao passo que a fase ao lado estava com 34 A. Também não existia a correta distribuição das fontes de energia pelos andares do prédio principal. Um dos templos, situado no terceiro andar, era alimentado pela antiga fiação situada no estacionamento, na parte térrea do edifício.
Eliminando riscos
Duas situações delicadas, segundo os profissionais que atuam nas reformas, ofereciam sérios riscos. Tratam-se dos quadros de distribuição de energia e de algumas instalações nos pisos sem a devida proteção contra choques elétricos e curtos-circuitos. A tubulação de ferro estava deteriorada pela ferrugem. Os cabos estavam entupidos e passaram a ficar energizados. Todas essas deficiências tornavam preocupante a situação do prédio principal quanto ao risco de um curto-circuito e consequente incêndio.
Outra consequência dos problemas era a frequente queda da energia durante os momentos de alto consumo. Isto se tornou frequente a partir de outubro do ano passado, quando as quedas passaram a ser diárias. Já em janeiro de 2012, após a abertura dos quadros de eletricidade por causa de um alagamento na parte superior do edifício, já haviam sido detectados problemas nas instalações do prédio principal. Percebeu-se que as falhas eram numerosas em outubro, ao se trocar uma pequena parte dos cabos. Técnicos foram chamados e iniciaram uma vistoria técnica. Após a observação, concluíram que a fiação elétrica de todos os templos e salas do edifício deveria ser avaliada. A medida começou a ser colocada em prática na segunda quinzena de janeiro. A reforma deve durar 30 dias.
Para mapear a estrutura elétrica do edifício, os profissionais contratados utilizaram um final de semana para ligar todos os dispositivos que consomem energia no prédio e, assim, fizeram medições em cada painel da construção. O objetivo era eliminar os desequilíbrios constatados na rede trifásica e estabilizar a corrente em cada uma das fases em torno de 50 A, aperfeiçoando o uso da eletricidade e diminuindo o consumo. A tubulação em ferro e os painéis de madeira estão sendo substituídos por similares em PVC, material que suporta altas temperaturas e dura mais de 400 anos, enquanto que os isolamentos feitos anteriormente com material de tecido serão realizados com fita isolante apropriada, que resiste a um aquecimento de até 70°C.
Números da obra
A reforma feita no prédio principal da Grande Loja trocou uma grande quantidade de cabos e disjuntores, dentre outros mecanismos elétricos. Ao todo, foram substituídos 4.385 metros de cabos em toda a obra, ou seja, quase 4,5 quilômetros de fiação. Foram 9 tipos diferentes de cabos, sendo 6 simples (com um fio) e 3 modelos compostos (com 3 ou 4 fios), nas cores azul, verde, vermelho e preto, para facilitar a identificação do uso de cada um deles. Em relação aos quadros de energia, foram instalados 45 novos disjuntores, de três polaridades diferentes. Foram 12 monopolares (com somente uma fase), 21 bipolares e 12 tripolares.